26 maio, 2013

ESTUDANDO O NAZISMO ( PARTE 1)


O POVO JUDEU E O ANTI-SEMITISMO

Uma das dúvidas mais freqüentes, no que diz respeito ao estudo deste tema polêmico, se refere ao motivo pelo qual foi empreendido o projeto político de perseguição dos judeus no Terceiro Reich, assim como aquele cujo objetivo visava ao extermínio sistemático destes pela Europa (Endlösung- Solução Final). É uma questão complexa, em cujo seio se figuram feridas que não cicatrizaram e que exigem um compromisso de seriedade crítica no tratamento. 

Milenarmente os judeus são reconhecidos como um povo, sendo este dotado de uma identidade que remete à forma com a qual construíram e mantiveram não só sua religião, mas também sua herança cultural traduzida em suas tradições, costumes, língua, valores, ensinamentos e história. Sua disposição em regiões variadas, e ainda assim ligadas intimamente por este laço cultural complexo, contribuíram para que fossem reconhecidos como dotados de um caráter único, e sua presença atribuída a todos os lugares. 

Por essa particularidade intrínseca da cultura judaica, esta assume o caráter doutrinário que se revela ante o modo de vida do judeu, seja na forma como ele organiza suas prioridades no cotidiano, sua disciplina no aprendizado dos valores morais que sustentam a coesão de sua sociedade, sua vestimenta, ritos de passagem, entre outras. 

O reconhecimento de tais particularidades historicamente veio a atrair os maus olhos de outros povos e nações. Episódios de perseguição e violência às comunidades judaicas foram freqüentes em muitos momentos em que isto fora conveniente, por exemplo, visando à legitimidade do cristianismo e da Igreja Católica durante certos períodos na Idade Média; ou mesmo, como é o caso a ser avaliado com mais intimidade, dos mesmos casos terem ocorrido pelo leste europeu, sobretudo em fins do século XIX, segundo propósitos de higienização étnica (para muitos, tanto para os que são ou não judeus, há ainda uma identidade de caráter étnico na equação).

Por essa razão, o anti-semitismo se firmava como um fenômeno comum e, de certo modo, atrelado a certos estigmas culturais semeados, sobretudo, na civilização ocidental cristã. A hostilidade frente ao judeu, como resultado, se fez justificável para tais culturas que o negavam diante do caráter “isolacionista”, apátrida (ao menos até a fundação do estado de Israel) religioso (por negarem que Cristo tenha sido filho de Deus), “étnico” e, especialmente, cultural em geral devido às particularidades previamente levantadas. Tais julgamentos foram agravados pela crença construída de que o judeu é individualista, avarento e mesquinho, uma vez que a este se deu o mérito pelo pioneirismo no aprimoramento de recursos capitalistas, relativos ao crédito, juros e mercado bancário, de forma que isso veio a contribuir para que comumente ascendessem aos mais altos cargos econômicos e, ou, administrativos ao longo da história. Gradualmente, foi construída a mentalidade de que o judeu é bem sucedido e próspero por natureza, ao passo que alcança tais conquistas em benefício próprio (como representante do “povo eleito”), não de todos.

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